Roteiro: David H. Franzoni
Duração: 152 min.
Próximo à costa cubana, Cinqué consegue se libertar das correntes e com a ajuda de outros africanos, ocupam todo o navio e matam a tripulação, deixando apenas dois espanhóis vivos, para que estes os levassem de volta para África. Os espanhóis temendo por suas vidas quando chegassem em terras africanas, mudaram a rota e direcionaram La Amistad para os Estados Unidos da América, onde novamente os negros foram aprisionados e tornaram-se também réus em um dos julgamentos mais comoventes sobre a questão da escravidão.
Sem conseguirem se comunicar com os africanos, os americanos iniciariam o julgamento embasando-se na morte da tripulação do navio. Porém, a prisão dos negros tornou-se um problema de grandes proporções, envolvendo o tratado dos oceanos entre Estados Unidos e Espanha (1795), onde a coroa espanhola alegava direito de propriedade sobre os escravos, a marinha americana querendo compensar ‘prejuízos’ de combate para justificar a posse do navio e todo seu carregamento, e os dois espanhóis sobreviventes, tentando tirar vantagem da situação, também entraram na luta pela ‘mercadoria’ do navio. Todos alegavam direitos sobre os escravos, além dos muitos movimentos abolicionistas e de direitos humanos que já haviam se formado no país, e que clamavam pela liberdade dos prisioneiros e a reintegração às suas terras de origem. Mas como é possível defender pessoas com as quais não existe um canal de comunicação?
Assim o fez o advogado Roger Baldwin, que apresentou o inventário da carga do navio que provava a origem dos prisioneiros como sendo de Serra Leoa, e adquiridos através do tráfico de escravos. Foi um passo importante mas não garantia liberdade aos prisioneiros, pois uma questão política insurgia e o receio de uma Guerra Civil estimulada pelo desenrolar do julgamento, fez com que o Poder Executivo designasse um novo juiz para dificultar a ação da defesa.
O advogado Baldwin precisava provar mais do que apenas a origem dos réus, mas também contar um pouco da história de vida de cada um, e por obra de uma sorte muito grande encontra um africano letrado em inglês disposto a ajudar. À partir desse momento os relatos de Cinqué mostram todo o caminho percorrido, a crueldade com que foram sequestrados e subjugados, o porão do Amistad e todas as intempéries até chegarem em terras americanas.
Diante da apresentação dos relatos de Cinqué o novo juíz decidiu em prol dos africanos, e assegurou o direito de retorno ao país de origem em um navio custeado pelo governo americano, algo inédito que teve repercussão internacional. Porém com a ameaça de Guerra Civil, a luta ainda não estava ganha, tendo ainda que passar pela Suprema Corte Americana que era constituída em sua maioria por sulistas proprietários de terras e de escravos. Baldwin então faz um apelo e passa a contar com a ajuda do ex-presidente americano John Quincy Adams.
Baseando seu discurso na Declaração da Independência dos Estados Unidos da América que assegurava igualdade e liberdade entre todos os homens, Adams com êxito, garantiu a liberdade dos réus, reconhecendo que eles haviam se rebelado contra aqueles que os privaram de uma condição natural de liberdade.
Dessa forma os negros finalmente conseguiram voltar para a África, porém nem todos, pois alguns foram torturados no Amistad, como ameaça a quem estivesse disposto a se rebelar. Cinqué por sua vez, mesmo retornando à sua pátria, jamais reencontrou sua família, talvez tenham sido levados em outro momento, talvez após seu sequestro tenham se mudado para longe, talvez nem estivessem mais vivos...
Justificativa
O filme mostra de forma clara o processo de transformação ao qual o mundo esta passando na metade do século XIX com relação à escravidão. Muitos países já haviam abolido a escravatura, o comércio de escravos tornara-se ilegal mas ainda rentável. A proliferação dos movimentos abolicionistas e de direitos humanos não era exclusividade apenas nos Estados Unidos, ou de países que ainda tinham na escravidão sua principal mão de obra. Tratava-se de uma conscientização mundial contra o etnocentrismo e o Racismo Científico que classificava os seres humanos em raças, sendo o negro considerado como inferior em todos os aspectos, e incapaz de organizar suas sociedades de forma civilizada.
O choque cultural e a barreira linguísticas entre africanos e americanos, também ficou evidente, mas o filme vai além e mostra ‘en passant’ os negros escravos de etnias diferentes, e muitas vezes rivais, sendo colocados todos juntos. A África era um continente onde as tribos tinham por costume entrar em combate com outras rivais, sendo a perdedora escravizada pela vencedora, pois para eles propriedade significava trabalho e mão de obra. Portanto, mesmo antes da chegada dos europeus, era comum a escravização entre os próprios africanos. Isso não exime a responsabilidade que os europeus tiveram, pois com o aumento da procura por esse tipo de mão de obra, houve uma catástrofe demográfica onde povos inteiros foram dizimados.
A maior parte do filme se passa dentro dos tribunais, mas ele levanta questões interessantes sobre o processo de escravização, os movimentos abolicionistas e de direitos humanos, a sombra de uma Guerra Civil, a instabilidade das eleições americanas na época, os interesses políticos no entorno do processo, o senso de justiça e liberdade.
F I M
Adorei, é um tipo de filme que gosto de assistir e com sua resenha deu mais vontade ainda.
ResponderExcluirMariana
BOM DIA!
ResponderExcluirUm filme que nos faz refletir a condição inerente de liberdade dos seres humanos, independente de preconceitos, distinções, culturas e origens.
Agradeço a resenha da colega Giovanna, por ceder a resenha deste filme para meu blog! E parabéns!
FILME: http://historiaestudoaqui.blogspot.com.br/2013/04/amistad19972-filme-completo.html
Gi,
ResponderExcluirAinda não vi esse filme nem o conhecia, mas sem dúvida vou vê-lo agora que você nos apresentou esta ótima resenha! Obrigada por compartilhar.
Parabéns também à autora do do blog, as músicas de fundo são lindas!
Camila
Vi esse filme quando estava no Ensino Médio. Depois desta resenha fiquei com vontade de vê-lo novamente. Parabéns, Gi.
ResponderExcluirÉ um ótimo filme amo vê filmes baseados em fatos reais principalmente históricos. Parabéns pela resenha
ResponderExcluirE muito legal.
ResponderExcluirMuito bom. Impossível não se sensibilizar
ResponderExcluirÓTIMO FILME! IMPACTANTE! NOS LEVA A PERCEBER UM POUCO COMO FORA A VIDA DE NOSSOS ANTEPASSADOS, CONHECENDO ASSIM UM POUCO DE QUEM SOMOS, DEIXANDO NOSSO ORGULHO DE LADO E NÃO TERMOS VERGONHA DE NOS IDENTIFICARMOS QUEM SOMOS; NEGROS, DESCENDENTE DA "MÃE ÁFRICA" E QUE SOMOS AFRO-BRASILEIROS. EXCELENTE FILME PARA REFLEXÃO ETNO RACIAL.
ResponderExcluirPerfeito o seu espaço de reflexão!
ResponderExcluirBelo Trabalho o Seu Blog;
Veja também:
www.atoshumanos.blog.terra.com.br
super ajuda valeu mt obrigada tava enrolada no trabalho e vc me ajudou!!!!!!!!!bjs...
ResponderExcluirobrigada pela resenha me ajudou muito , beijos
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ResponderExcluirEstou a procura do filme ja mais de três anos e não encontro!
ResponderExcluirEXCELENTE FILME QUE MOSTRA QUAO CRUEL SOMOS, FILMES COMO ESTE DEVERIAM SER REPRISADOS NA SESSÃO DA TARDE NO HORARIO NOBRE NO FIM DE NOITE, PENA QUE VIVEMOS NUM PAIS DE BUNDA E MC.S
ResponderExcluirValeu ajudou no trabalho
ResponderExcluirHa ate que e bom.... Ne pessoal
ResponderExcluirAlguém poderia me dizer, como se posicionava a Igreja neste caso?
ResponderExcluirela apoiava e justificava a escravização através da bíblia
ExcluirMe Chamo Giovanna, precisei fazer um resumo do filme para um trabalho de escola, AJUDOU MUITO!! e também, com a resenha li varias coisas que nem percebi no filme, me ajudou muito, Obrigada!
ResponderExcluirO filme eh maravilhoso! Parabéns pela resenha perfeita! Alguem poderia me indicar outros filmes fo mesmo gênero?
ResponderExcluirÓtimo filme assisti ele pra fazer um trabalho sou o jaeder
ResponderExcluirExcelente filme para refletir sobre a vida dos nossos antepassados,suas perdas,anseios.
ExcluirComo eram aprisionados os africanos escravisados em suas terras de origem?
ResponderExcluirParabéns muito bom.
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