GIOVANNA PAZETO CANTO
RA 1112007
LONGA
DURAÇÃO BRAUDELIANA – PERMANÊNCIAS E RUPTURAS NO PROCESSO DA REVOLUÇÃO FRANCESA
Centro
Universitário Claretiano
Licenciatura em História
História Contemporânea I
Professora Elza Silva Cardoso Soffiatti
POLO CAMPINAS
5° Semestre
2015
Objetivos
- Compreender o
contexto da Revolução Francesa.
- Refletir
sobre as várias fases da Revolução Francesa.
- Analisar as
permanências e rupturas decorrentes da Revolução Francesa para o Ocidente.
Descrição da
Atividade
A transição do século XVIII para o século XIX foi marcada por uma série
de mudanças que se concretizaram em algumas rupturas e, ao mesmo tempo, outras
características que se consolidaram, que permaneceram.
Frente ao advento da Revolução Francesa e as considerações de Braudel em
relação a longa duração, analise e
elucide duas permanências e duas rupturas que podem ser identificadas no
processo da Revolução Francesa.
A participação francesa na emancipação das Treze
Colônias foi fundamental para o espírito revolucionário florecer. Os processos
ocorridos durante a Revolução Francesa encontraram ressonância principalmente no
continente americano de norte a sul em virtude da maioria ainda ser colônia.
Tendo como pano de fundo a crise do absolutismo na Europa, a Revolução
representou uma completa ruptura com o status quo e antigos privilégios feudais
que visavam única e exclusivamente beneficiar uma corte que não produzia nada e
custava em demasia.
A Revolução Francesa, permeada por pensamentos
Iluministas, insatisfação de todo o terceiro estado (ao qual pertenciam
burguesia, camponeses e trabalhadores urbanos), sendo este o que realmente
produzia e principal engrenagem de todo Antigo Regime, buscou uma modificação
em todos os domínios para realizar uma satisfação latente do povo francês, não
necessariamente destituindo o poder da monarquia mas fazendo a participação popular
uma constante tendo este setor representantes. Porém, o que se seguiu foi algo
muito maior, daí a França ser até os dias atuais um paradigma de liberdade política
e de expressão.
O pensador iluminista Montesquieu deu bases para a
nova estrutura de governo. Sua teoria de divisão do poder monárquico
centralizado em três esferas políticas (Executivo, Legislativo e Judiciário), e
a elaboração de uma Constituição, ou seja, leis que devem ser cumpridas por todos
e regem o Estado, marcaria o início de uma nova era não apenas para a França
mas todo o ocidente. Os símbolos e representações tornaram-se fundamentais para
caracterizar os ventos da mudança. Assim como o filósofo Montesquieu, Rousseau
e O Contrato Social, outros
iluministas corroboraram para embasar a Revolução, embora pertencessem a
aristocracia, sendo alguns mais radicais e outros mais conservadores, fato é
que a era da Razão buscava respostas racionais, dessa forma a igreja também
fora afetada pois respostas baseadas em superstições já não eram suficientes. Voltaire
criticava a intolerância religiosa e a infalibilidade papal, mas era um
reformista moderado em virtude de sua relação com monarcas absolutistas. Ele
acreditava na possibilidade de fundar uma nova estrutura política sob as bases
do Antigo Regime.
Outra ruptura que houve com a Revolução Francesa é a
questão dos fisiocratas e o interesse de uma reforma geral na França em virtude
das altas taxas de tributação, produtividade e técnicas rudimentares, visto que
a questão da terra era fator primordial e único para o homem desse tempo, além
da fome, aumento de preços de produtos básicos para sobrevivência o que acabou
mobilizando toda população num levante contra a monarquia.
A palavra Revolução trouxe um significado não
apenas de mudança, mas de união e sentimento de pertencimento, tornou-se
símbolo cotidiano para reforçar o ideal revolucionário causando ao mesmo tempo
admiração e medo. A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão por si só é
um marco da transformação dos direitos civis. Os homens envolvidos no processo
de emancipação das colônias na América estavam atentos à Revolução Francesa e à
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, contribuindo para moldar um
sentimento nacionalista que ainda não estava bem delimitado e o espírito
Democrático.
A teoria de longa duração braudeliana “nos permite
repensar os conceitos de duração e de enxergar o tempo em uma perspectiva de
multiplicidade de durações”. (BARROS, 2013). De modo que algumas coisas “só
podem ser percebidas quando o recorte é bastante amplo, isto é, trabalhado ao
fio dos séculos” (VOVELLE, 2011).
Diante de tantas rupturas a Revolução Francesa é,
sem dúvida, um divisor de águas, porém houve permanências se analisarmos
cuidadosamente a longa duração por efeito de ser uma revolução também aristocrática.
Os próprios pensadores da época mantinham relações com monarcas e viviam na
corte. A Primeira República fora construída em parte sobre os “fragmentos” que
ainda permaneceram do Antigo Regime após a execução do rei Luís XVI e, embora
fosse importante ser moderno e romper com os paradigmas do Antigo Regime, após
a era do Terror basicamente a monarquia fora restabelecida em moldes da
modernidade. O General Napoleão Bonaparte conseguira um feito inédito para
França e seu prestígio elevou-se de maneira que conseguiu suprimir o Diretório
e instaurar o Consulado, logo após ele mesmo se intitulou Imperador da França.
Destarte, havia um interesse de construir o novo
baseando-se nos ideais iluministas, sendo necessário uma reformulação política
voltada ao povo mas que por outro lado, permanecesse e conservasse o Estado
soberano. Assim a França passaria por um processo de burocratização como forma
de manter a estabilidade política e monetária sem alterar a supremacia
monárquica. A monarquia, embora frágil, ainda resistiu até meados de 1870,
quando o então rei Napoleão III fora deposto.
BIBLIOGRAFIA
FREDRIGO, F. História Contemporânea I. Batatais: Claretiano, 2012. Unidade 1.
BRAUDEL, Fernand. A longa duração. Disponível em: <http://copyfight.me/Acervo/
livros/BRAUDEL,%20Fernand%20-%20A%20longa%20durac%CC%A7a%CC%83o%20In%20
Histo%CC%81ria%20e%20cie%CC%82ncias%20sociais.pdf>. Acesso em: 19 fev. 2015.
VOVELLE, M. (2011). “História e longa duração”. In: NOVAIS & SILVA (orgs.). Nova História em perspectiva. São Paulo: Cosac & Naify, p.371-407 [original: 1978].
BARROS, José D'assunção. O tempo dos historiadores. Petrópolis: Editora Vozes, 2013. 296 p.
COSTA NETO, Durval A. da. Revolução Francesa (1789-1799). Disponível em: <https://www.algosobre.com.br/historia/revolucao-francesa-1789-1799.html>. Acesso em: 24 fev. de 2015.
Texto corrigido pela professora Elza Silva Cardoso Soffiatti em 27/02/2015 as 10:38
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Saudações, caro(a) amigo (a)!
Gostaria muito que você deixasse o seu comentário nesta postagem!
Grata
Karen Hüsemann